segunda-feira, 4 de março de 2013


Grazi Massafera vive Ester em 'Flor do Caribe' Foto: Luiza Dantas/Carta Z Notícias / TV Press Grazi Massafera vive Ester em 'Flor do Caribe' Foto: Luiza Dantas/Carta Z Notícias / TV Press

A posição de mocinha em novelas entusiasma Grazi Massafera. Mas a atriz, que aguarda ansiosa para ver suas primeiras cenas como a heroína Ester de Flor do Caribe, no ar a partir do dia 11, às 18 horas, na Globo, assume que não encara a tarefa como fácil. Ainda mais quando se trata de uma produção que vai ao ar no fim da tarde, horário em que as regras de classificação indicativa são mais severas.

"Além de alguns temas que precisam ser suavizados para serem abordados, as cenas de romance têm de ser gravadas com cuidado maior. Não podem ficar sensuais demais", explica.

Na história, escrita por Walther Negrão, Ester é uma guia turística apaixonada por Cassiano, vivido por Henri Castelli. Mas o rapaz desaparece no Caribe e a jovem acaba se rendendo às investidas do vilão Alberto, papel do estreante Igor Rickli. "A história é solar e gravamos em locais paradisíacos. O elenco tem nomes bem fortes, então acho que temos tudo para emplacar um sucesso", torce a atriz.  

Em que consistiu sua preparação para interpretar a mocinha Ester de Flor do Caribe?
Como interpreto uma guia turística, conversei com profissionais da área e fui andar de bugue, para que não parecesse uma coisa forçada. Achei que eu fosse estranhar muito, mas isso até que foi fácil. O bugue é mais duro que outros carros, mas é só na primeira fase da história que gravo dirigindo. Agora, por exemplo, já chegaram novos capítulos em que ela tem uma ONG ligada a alguns dramas infantis, então vou pesquisar outros assuntos. E, como a novela começa com bastante romantismo, vi filmes com um climinha de romance também. A Ester aparece mais jovem no início e preciso encenar atitudes juvenis, mas que não sejam afetadas.

Temos de achar temperos para evitar que se as mocinhas tornem garotas chatas

Você gravou no Rio Grande Norte e na Guatemala. Como foi a experiência?
O Rio Grande do Norte foi, para mim, o momento solar dessa reta inicial de novela. Foi o período em que eu fui, de fato, conhecer a personagem. Ali, andei com o pé no chão que aqueles personagens pisam, dirigi o bugre, conversei com as pessoas daquela região e entrei em contato, mais uma vez, com o interior. Já a Guatemala foi incrível. Passei por lugares bonitinhos, feitos para turistas, mas também fui ver a realidade do país. E me emocionei muito. Vi um povo que é sofrido e carrega isso no olhar, mas não perde o carinho e a doçura. As mulheres são incríveis, carregam os filhos com panos nas costas e vão para as feiras com os bebês. Fiquei muito sensibilizada e acho que consegui aproveitar esse sentimento para muitas das minhas cenas. 

Você já viveu outras personagens com características de mocinha na tevê. Qual a sua estratégia para diferenciar essa atuação das outras?
É difícil porque mocinha faz a gente seguir um padrão. Na maioria das vezes, segue uma linha bem politicamente correta. Alguns autores propõem mocinhas diferentes, que erram mais, só que isso vem acontecendo nas novelas das nove. A faixa das seis é aquela em que ainda se usam traços bem de mocinha mesmo. Fazem experiências, mas em geral isso não afeta a heroína. Então, tendo amenizar esse lado no humor. Mas não tem jeito, mocinhas sofrem muito e a proposta é fazer com que o público sofra junto. Temos de achar temperos para evitar que se tornem garotas chatas. 

É importante se desligar um pouco da tevê para o telespectador não enjoar da sua cara

Então fazer novela às 18 horas, na sua opinião, é mais difícil do que às 21h?
Tem um cuidado diferente. Os assuntos tratados são outros. Ou, pelo menos, a abordagem é mais suave. Essa temática da ONG, por exemplo, a gente quer tratar da forma mais real possível. Mas há palavras que não podem ser ditas, já que envolve crianças que sofreram discriminação e até abuso. Um tipo de discussão que poderia ser relatado com menos amarras depois das 21, 22 horas. E também precisamos dosar a sensualidade. São muitos detalhes que são levados em consideração. Mas não é impossível fazer um bom trabalho por isso. 

Tem vontade de voltar a trabalhar em horários com mais liberdade, como o das 21 horas?
Olha, mesmo às 21 horas existem restrições. O que se percebe é que a faixa das 23 já é mais liberal. Mas não fico pensando tanto nisso. Na verdade, acho que o lugar onde penso em fazer determinadas coisas é no cinema. É um desejo meu começar a fazer mais filmes para poder me libertar para novos caminhos de interpretação. Acho que, depois dessa novela, vou olhar mais para o cinema. É importante se desligar um pouco da tevê para o telespectador não enjoar da sua cara. Temos trejeitos que são repetidos. Quando embalamos um trabalho no outro, é complicado não levá-los junto.